quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Calendário


Descobri que o nosso calendário é carregado de vaidade derivado do poder e glória.

Lendo o livro de Mário Sérgio Cortella, Não espere pelo epitáfio, descobri... 

"O nosso calendário, agora chamado de comum ou gregoriano (por ter sido reorganizado pelo Papa Gregório XIII em 1582), e afetado pela arrogância daqueles que pretendem garantir fugazmente a imortalidade e se apegam à glória do mundo.

Até o século 8 a.C. o ano do mundo romano da Antiguidade - do qual herdamos essas medidas - tinha apenas dez meses e se iniciava em 1º de março (martius), depois vinha aprilis, maius, iunius e, a partir daí, foram usados os numerais (5 a 10) para denominar os seguintes (quinctilis, sextilis, september, october, november e december). 

No século seguinte, para acertar mais a fixação da contagem com o tempo de duração da volta da Terra em torno do Sol, os romanos introduziram mais dois meses (januarius e februarius) que ficaram para o final; só no século 1 a.C. o ditador Júlio César fez nova reordenação, passando janeiro e fevereiro para o início e mantendo doze meses (o que confunde até agora muitos que não entendem por que chamamos de sete/mbro ao mês que numeramos com nove, ou a dez/embro como aquele que é o doze.

No entanto, Júlio César, nascido no mês quinctilis, foi assassinado, Marco Antônio, general romano e seguidor daquele, por compor o segundo Triunvirato (junto com Otávio e Lépido), decidiu homenagear o líder e trocou o nome do antigo quinto mês para julius, mantendo os 31 dias que este comportava. Porém, a luta pelo poder veio à tona e, a pretexto de proteger a honra familiar ofendida (pois Marco Antônio abandonara o antes conveniente casamento com Otávia, irmã de Otávio, e desposara Cleópatra, firmando-se como senhor do mundo oriental), a guerra foi declarada e, vencido, Antônio cometeu suicídio.

A mexida no calendário e no império não acaba aí, é claro.

Com a destituição de Lépido e, depois, a derrota de Marco Antônio, o outrora Otávio (também chamado de Otaviano) em janeiro de 31 A.C. recebeu do Senado o título de Augusto, e, mais adiante, foi sagrado como o primeiro imperador de Roma e, por fim, Grande Pontífice. O imperador entendeu não ser adequado para alguém do porte dele não ser também homenageado com um nome no ano e não teve dúvidas em alterar o sexto mês, antigo sextilis, para augustus, criando o nosso atual agosto.

Mas não ficou contente.

Sextilis, seguindo a lógica de alternância dos meses com 30/31 dias (exceto fevereiro, pela sua posição mais anterior de último do ano, quando se fazia o acerto final da translação), sucedia a julius (grande, nos seus 31) e, desse modo, tinha duração de 30 dias. Sem problema; a lógica foi quebrada e ordenou que seu mês não fosse inferiorizado e passasse a ter, também, 31 dias".

Demais, não? Vou lembrar disso a próxima vez que passar por julho ou agosto e perceber que a vaidade humana pode não ter limites...

0 comentários:

Postar um comentário